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April 8, 2021

570 palavras 3 mins

Multithreading no Julia: ainda mais rápido

(Esse é um post bem curto para compensar o post anterior)

Eu tava passeando pelo Julia Packages (não me julguem, 1 ano de lockdown) e achei um pacote chamado ThreadsX. A ideia é paralelizar algumas funções da base do Julia, e entre as funções temos o map. Obviamente eu fiquei interessado, especialmente porque não faz muito tempo eu fiz o problema de programação dinâmica usando map. O pacote me prometia acelerar o código simplesmente adicionando uma coisinha, e isso é muito tentador para eu deixar passar.


Talvez nem todos vocês saibam o que é paralelizar - se você sabe, pule até a próxima quebra de página. Computadores atualmente contam com processadores com mais de um núcleo. Se você quer uma metáfora de como isso funciona, pense em fazer contas manualmente: suponha que você quer calcular \(7!\). Uma maneira é você sentar e fazer todas as multiplicações. Outra é você dividir com 3 pessoas: uma faz \(7\times 6\), outra faz \(4\times 5\), e a última faz \(3\times 2\).

Veja que a metáfora acima transmite também vários dos problemas:

  • Nem todas as tarefas podem ser paralelizadas: tarefas sequenciais não são facilmente paralelizadas
  • Ás vezes o custo de paralelizar é maior que o ganho: dá para paralelizar \(2+3+5+6\), mas provavelmente eu perderia mais tempo contando pros outros a conta do que fazendo a conta.

No exemplo de programação dinâmica, o loop mais de fora, que itera a função valor, é sequencial: para saber qual é o valor da função valor na iteração que estamos processando, eu preciso da função valor da iteração anterior. Veja que os pontos do grid para valores do capital, nós visitamos cada ponto separadamente, e portanto ele é um forte candidato a paralelização.


Existem várias maneiras de paralelizar, e o ThreadsX usa multithreding. Qual a diferença disso para a paralelização “usual” - como, por exemplo, o R faz quando usamos o foreach? Eu não consegui achar os detalhes, mas uma diferença é que o ThreadsX não gera novos processos do Julia.

Veja que a diferença do código é minúscula, simplesmente adicionar um ThreadsX. antes do map:


@time while j <= iter_lim && err > 1e-5
    interp = LinearInterpolation(grid,V[j-1,:])
    res = ThreadsX.map(y->otimo(objective,y,interp),grid)
    V[j,:] = map(i->-1*res[i][1],1:grid_size)
    policy[j,:] = map(i->res[i][2],1:grid_size)

    global err = maximum(abs.(V[j,:] - V[j-1,:]))

    global j += 1

    println("Interation ",j," error ",err)

end

(A diferença está na linha 4)

O tempo? O código agora demora 30s para rodar mil iterações, mais ou menos. O código sem o ThreadsX demora uns 58s para rodar1. É 48% mais rápido. Eu não tenho certeza que isso vai escalar perfeitamente para casos maiores ou mais complicados. Mesmo 10% de ganho seria legal, e dada a simplicidade da troca, é algo que eu vou incorporar.

Você precisa alterar a inicialização do Julia: se você lança da linha de comando e quer usar 4 cores, você deve digitar julia -t 4. Em diferentes IDE, veja a documentação do pacote para a IDE - no Atom, por exemplo, você não precisa fazer nada (aparentemente). Se você quiser checar se funcionou, o comando Threads.nthreads() deve mostrar com quatas threads o Julia está trabalhando.

“Ah mas eu quero usar for e não map”: é até mais fácil usar multithreading nesse caso! Basta colocar Threads.@threads antes do for. O tempo de execução muda quase igual ao caso com map.


  1. Note que no post eu afirmei que demorava 25s, porque eu estava usando 500 iterações. Aqui eu estou fazendo mil iterações.↩︎